23 de junho de 2011

Um copo de mar para navegar...

"Há sempre um copo de mar para um homem navegar" [...] "mesmo sem naus e sem rumos, mesmo sem vagas e areias".

Uma amiga perguntou-me porque eu já reli inúmeras vezes "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Respondi que é pelo fato do romance despertar risos que me levam a reflexão e porque sempre acho prazeroso imaginar as situações, os personagens. Divirto-me também com o narrador intrometido.

Não sei porque relembrei do meu percurso enquanto leitora. Lembro-me que eu era fascinada com os livros da biblioteca do meu pai. Eu deixava de lado os livros infantis para folhear os livros dele: literatura, livros de medicina, cadernos de anotações da adolescência, uns livrinhos de laboratório... Eu ficava folheando e criando histórias do que eu não entendia.

Por que ler literatura hoje?

A literatura vai na contramão de um jornal, por exemplo. O jornal apresenta o fato, sem as possibilidades, sem a sua potência. Podemos até nos indignar, mas permanecemos impotentes. Ler é lutar contra a falta de memória e consequentemente o ressentimento. Ler é resistir! E o que é resistir? "É ter a força de des-criar o que existe, des-criar o real, ser mais forte do que o fato que está aí."

PS - Para todos os Dons Quixotes que resistem, sonham ... que estão On The Road!

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