10 de outubro de 2010

Embaixatriz do samba



Elza Soares dispensa apresentações! Diva na música e vida! De criança pobre a embaixatriz do samba, sua vida é cheia de altos e baixos. E que vida ... Nasceu em uma favela do Rio de Janeiro e, se casou aos doze anos de idade. Viúva aos 18, Elza sofreu com a miséria. Em 2000, foi premiada como "Melhor Cantora do Milênio" pela BBC em Londres.

A primeira vez que Elza subiu em um palco foi em 1953, durante o programa Calouros em Desfile, comandado pelo célebre compositor e radialista Ary Barroso. A vida era dura para a cantora e vencer o programa significava dinheiro para comida - seus 45 kg denunciavam as dificuldades vividas por ela e sua família na época.

Em 1962, Elza começava a brilhar na música brasileira com o sucesso estrondoso de “Se acaso você chegasse”. Garrincha estava no auge de sua carreira no Botafogo e titular incontestável na Seleção. Foi numa apresentação da cantora para a Seleção, quando a delegação se preparava para a Copa do Mundo de 1962 que eles se conheceram. A polêmica relação com o jogador virou repertório da cantora. ("Eu sou a outra", de Ricardo Galeno, e "Amor Impossível", de João Roberto Kelly.)

A cantora pagou um alto preço por seu amor a Garrincha: a vendagem de seus discos caiu drasticamente, shows eram cancelados por questões de segurança, ninguém a contratava. Além disso, o Anjo das Pernas Tortas enfrentou as ameaças por parte do Botafogo que não aceitava seu relacionamento e muitos problemas com dinheiro, durante as várias tentativas de retornar ao seu melhor futebol.


Elza caracteriza sua voz como "bandida", já que diz não fazer grandes esforços para mantê-la. Mas não é só seu rouco que a diferencia das demais intérpretes. Ela tem a malandragem do morro, suingue e gingado que definitivamente não são para todos. Brinca e se vale de ousadia sem medo. Tanto que, nessas de fazer o que bem entende, lá atrás "jazzificou" o samba ao inserir scats ao longo das faixas que cantava. "O scat é muito negro, muito blues, muito jazz", explica a experiente artista. "Comparo o samba ao blues e ao jazz. É o sofrimento do negro, é o açoite, é a angústia, a agonia, é amor demais."(Rolling Stones, setembro de 2010).

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